terça-feira, janeiro 11, 2005

Modelo de vida vs VIDA!

Modelos de vida vs vida
Não faz sentido falar em vida sem falar de modelos de como se viver, a vida em si, por ela própria parece não significar nada, a vida não é nada independente dos modelos de vida, mas então se existem modelos de vida, será que há algo por trás desses modelos, algo embaixo quem sabe? Ou seriam esses modelos a própria vida mesma, e só o que existiria seria mesmo modelos de vida. Mas de onde vem esses modelos? Quem cria isso? Isso será que é planejado? Detesto essas histórias de teoria da conspiração, sociedade secreta e afins, então se não for isso por ser apenas algo não planejado, o puro acaso em que se fixam certos objetivos e a partir desses tudo se deriva até a sociedade, a vida dos homens, a conviência familiar, até mesmo na própria imagem que o homem faz de si mesmo. Quem estabelece esses objetivos? As grandes corporações malvadas? Mas e antes quando elas não existiam? As coisas vão ocorrendo por acaso e as teorias vão correndo atrás. O capitalismo não é um modelo teórico malvado que foi implantado, mas sim apenas uma mudança das relações de troca. Não quero falar do capitalismo porque dele nada sei, nada entendo.
Falarei apenas da questão dos modelos de vida, alguns objetivos pra nossa vida estão dados, pois vivemos em sociedade, vivemos todos amarrados uns nos outros, devemos trabalhar, devemos arranjar um emprego logo para podermos comer, pois ninguém quer nos sustentar sem trabalharmos, que pena. Então a verdade fundamental de nossas vidas que não podemos escolher é: temos que trabalhar. Ao definir esse objetivo muita coisa se esclarece na nossa vida, diz como nós devemos viver, ser, pensar para que alcancemos esse objetivo: o trabalho; para que possamos comer, sobreviver. Para isso os pais na infância educam seus filhos, para o trabalho, para independência econômica, para o auto-sustento, vivemos pra isso. E aí temos que conciliar isso com o que gostamos, o que já causa um problema.
Como conciliaremos isso? Somos perdidos, não sabemos do que gostamos ou queremos, alguns ainda sabem do que não gostam, ou o que não querem, mas daí até dizer o que gosta e quer, é difícil, eu não consigo, acho. E o que é comum se fazer? Escolher logo algo que dê mais dinheiro, algo que dê status, vida boa, algo que dê dinheiro para que possamos usufruir de prazeres gostosos. Então vendemos nossa individualidade para o curso que for, trabalho que for em nome desse prazer que virá depois, todo final do mês, todo final do ano, ou, até ao final do 30 anos de trabalho.
Se não tivéssemos que trabalhar como educariamos nossas crianças? A educação hoje em dia é preparação para o trabalho, só isso, já virou clichê dizer isso. Acho que nem isso, pois preparar pra qual trabalho? Gari, office boy, prostituta, empresário, jogador de futebol? O que significa isso 'preparar para o trabalho'? Dar o mínimo de saberes práticos e não tão práticos assim para jovens executarem atividades em empresas ou seja lá no que for.
Não quero falar de nada disso, só quero discutir a questão dos modelos. Pra uma sociedade onde todos precisamos trabalhar existe um modelo padrão de homem, marido, pai, mulher, criança, estudante bem sucedido, etc. Numa sociedade massificada existem padrões de prazer, entretenimento, gostos... Para atingir esses modelos que alcançarão melhor o objetivo da vida humana (trabalhar) são precisos anos de disciplina, interiorização de regras sociais, padrões de comportamento, de auto-estima, tudo visando o trabalhar. Vamos ao psicológo reclamar que nos sentimos tristes por não corresponder ao modelo de homem e então esse profissional dignostica: baixa auto-estima; dado o problema podemos trabalhar com ele, corrigido o defeito o robô volta ao trabalho. Mas isso é um problema da própria pessoa? Da pessoa ou da convivência entre os homens, da própria sociedade então? Dados os critérios do que é ser um bom homem, do que é ser um homem adequado, medimos e avaliamos aqueles que correspondem ou não a esses padrões. Mas esses modelos não são a vida humana, temos que nos domar, nos adaptar, tornarmo-nos robôs para poder suportar isso, disciplinar rigorosas, quem foi educado desde casa para um regime assim tem maiores chances de triunfar, do contrário sofrerá, terá baixa auto-estima, levará rótulos de perdido, enrolão, vagabundo...
A partir dessa constatação podemos sentir-nos mais aliviados pensando que não somos nós que somos doentes por não corresponder a esse modelo medíocre, modelo estúpido, reducionista da vida humana, devemos pensar que o modelo deveria se encaixar ao que somos de fato, mas o que somos de fato? Somos preguiçosos, malandros, perdidos, totalmente passionais, não sabemos o que queremos, nem pra onde iremos; se os filósofos não se prestam pra dizer o que é o homem, o sistema de produção ao qual estão embrincados desde que nascemos nos dirá o que é o homem: um ser para o trabalho. Prefiro acho que lutar por uma definição do que seja o homem que se oponha a esse modelo de homem que temos aí, para que possamos ser livres e nos desenvolver como quisermos sem ninguém apitar sobre isso. Mas não permitem, dizem: sejas útil! trabalhes! Mas não quero ser útil a ninguém, nem trabalhar! Não podes, não te sustentaremos! Mas não pedi para me sustentarem, porra! Já nasci nesta bosta! Deixe eu me sustentar e buscar o que acho que me interessa sem ter que dever nada a ninguém! Por que me exigem isso?
Esse texto está uma bosta, por favor comentem algo interessante para me fazer pensar, eu só queria postar algo, e isso me incomoda.