sábado, julho 12, 2003

Educar é preciso...

Já discutiu-se isso num dos comentarios de um post, que a educação só pode pensar em mudar algo se for pensada dentro de uma cultura, a partir dela e devolta a essa, tá ok.

O que eu queria discutir aqui, e essa discussao pra mim é a mais importante, é sobre os metodos educacionais, tudo o que faço, onde vou, o que vejo, sempre tento extrair algo sobre tipos de educaçao... A educação tem possibilidades infinitas, desde educar ao belo, a moral, a educar-se a si proprio, a sensibilidade, educar para ser cidadão consciente, critico, vivo ! Nossa é muito ampla.

O que vemos nas escolas é o terror educacional: decorebas, nenhuma preocuçao com: as atitudes morais, sensibilidade, criatividade, com o desenvolvimento de um tipo de inteligencia que torne os educandos autonomos e prontos para se formarem, isso nao existe... Em casa o que vemos por parte dos pais outro terror: "assista um desenhinho e não me enxa o saco". A televisao é a pior professora que pode existir, ela aos poucos vai criando tipos de cidadaos ansiosos, que entendem muito pouco do que veem, se já é dificil ter uma certo controle de como a criança vai sendo educada pelo meio em que está, imagine agora na frente de uma caixa magica que emana raios coloridos, mostrando diversas situaçoes, falas, valores, e um milhao de coisas... O poder de educar de uma televisao é impensavel. Acho que ela mais destrói a possibilidade de qualquer educação decente posteriormente. Em outras ocasioes se ouve dos pais: "filho antes de brincar faça as tarefas", traduzindo, "antes do prazer vem a dor". Platão já condenava isso no livro As leis, para ele a educação era uma atividade prazerosa como as outras...

Preocupo-me tanto com a educação, porque vejo-me agora com meus 22 aninhos e totalmente sem consciencia biologica, nem historica, nem politica, nem de nada, e daqui a pouco vou ter meus filhos e ai o que eu vou passar a eles ? Vou reproduzir o que ? Quer dizer que eu fiz esses anos na escola, claro eu fui culpado por nao estudar, por nao me motivar, mas acho que a escola, os pais, os colegas, amigos poderiam ter me ajudado a buscar o conhecimento, educar-me... A escola poderia ter um papel fundamental ao orientar os pais com cursos, os pedagogos mesmo poderiam dar cursos sobre as influencias negativas da televisao, sobre a importancia da leitura dos livros para crianças, a escola poderia propor jogos que desenvolvessem a criatividade, capacidade artistica, raciocinio, psicologos, linguistas, matematicos, podiam-se preocupar com metodos que torna-se a aprendizagem prazerosa e empolgante e fizessem da escola um verdadeiro lugar onde o conhecimento fosse o mais importante, o desenvolvimento da comunidade, a formaçao de cidadaos conscientes, eu nao sei o que há em mente na cabeça de diretores, pedagogos, etc...

Os pais tambem não dão a minima pra educação, os mais eruditos lêem um livrinho sobre psicologia educacional, ou se atentam pra essas questoes, nunca uma época pareceu tao despreocupada com a educaçao assim, e parece que isso no nosso país é forte, alguns professores chamam alunos de burros, aceitam um certo tipo de determinismo cultural, social, e acham que realmente "algumas pessoas nao tem capacidade de apreender" em nome desse tipo de crença nao se esforçam para extrair o maximo dos alunos, para resgatar aquilo de mais valioso nas crianças/adolescentes, tdo isso muitas vezes porque afirmam: "eu nao sou pago pra tudo isso", dinheiristas desgraçados, utilitaristas, capitalistas... Nao sei como é nos outros países, mas aqui é terrivel, os graficos que demonstram que em termos de capacidade de assimilar textos (compreensao e não apenas decifrar simbolos) entre estudantes de 15 anos estamos em trigésimo sétimo lugar, imagina se num quesito básico como esses estamos lá embaixo, como vamos fazer os alunos, estudantes se auto educarem ou exigir isso deles em uma universidade, que tipo de cidadao, sociedade está se construindo ?

O tipo de epistemologia utilizada pelo professor em sala de aula, em que todos sentam um atras do outro, o professor tem o conteudo e o aluno nao tem nada, o professor ensina e o aluno aprende, ele fala eu decoro, ele sabe tudo eu nada sei, que tipo de ensino aprendizagem é essa ? Locke já pregava isso, "o aluno é uma folha em branco". Ninguem constroi conhecimento algum desse jeito, se as informaçoes recebidas nao tem já alguma estrutura capaz de decifrar a informaçao, ou seja, faze-la fazer sentido entao todos os dados expostos se perdem... Pura perda de tempo, no meu caso acho que mais de 14 anos, todo dia 4 à 5 horas por dia, pra que ? Pra ficar brincando de ter relaçoes sociais com adolescentes e crianças da minha idade ?

Não compreende-se o que se lê, não se tem visao critica de nada, acha-se Jô Soares um cara bacana e inteligente e idolatra-se senhores como ele, qualquer religiao ou ceita arrasta varios, o Estado, os bancos passam dados que não faz o minimo sentido, numeros soltos no ar, ninguem entende nada e ninguem reclama, vivemos o caos de informaçoes e compreensao, estamos perdidos querendo ser felizes, sei la o que se quer afinal, se quer tomar cervejinha tranquilo e não se esquentar com as coisas, só que essas coisas normalmente dizem pra ti o que voce deve querer, os mecanismos sao sutis e formam opiniao, e tomam todos nós como folhas em branco, e vamos de galho em galho pra morte, achando que somos felizes, acreditando em qualquer ideologia empresarial, de auto-ajuda como se fosse a Revelaçao Divina... temos mais é que ser exterminados desse planeta, deixa a natureza viver, e nós artificialoides de merda que habitemos o inferno criado por nós, esquizofrenicos idiotas...

sexta-feira, julho 11, 2003

O que é inteligência ?

Quando eu estava no ensino fundamental e médio diziam que eu era inteligente se eu conseguisse decorar um monte de coisas e conseguisse transpo-las da minha mente para uam folha de papel numa certa época, num momento onde eu estaria super nervoso, a capacidade de reproduzir informaçoes em momentos de agitação, se eu fosse bem eu era inteligente senao nao.

Depois quando entre na filosofia, era considerado inteligente a medida que conseguia pensar, interpretar, reconstruir o pensamento de algum pensador, criticar, complementar, fazer associaçoes, ligaçoes, mas tambem sempre me colocavam de tempos em tempos numa situaçao de nervosismo ppara ver como eu me saia. Achei um pouco mais interessante porque as vezes tinhamos trabalhos, e era possivel realiza-los tranquilamente.

É engraçado essas concepçoes de inteligencia que se tem, pro meu pai a unica inteligencia que realmente tem alguma importancia é a capacidade de efetuar calculos complexos, ou seja, utilizar formulas em situaçoes complicadas, ou entao, demonstrar uma formula, entender sobre calculo vetorial, alias ele me disse que na filosofia deveriamos fazer tal curso. Nesse caso inteligencia está associada a chegar a uma conclusao, chegar a um resultado final, a um aplicaçao na prática de alguma fórmula.

No caso da filosofia a inteligencia diz respeito a velocidade de pensamento e interpretaçao, capacidade de perceber as limitaçoes dos autores, as influencias da epoca (mesmo que em nivel muito pequeno), perceber a genialidade de uma explicaçao, mesmo que não dê para ser aplicada, mas apreciar a beleza da explicaçao por ela mesma, todo o caminho de chegada até um dado argumento.

Hoje em dia, ouço falar da inteligencia artistica, emocional, capacidade de interpretar a realidade por outras vias, conseguir captar e interpretar uma paisagem, uma situaçao, um momento... Por mais interessante que pareça, para mim um ocidental pragmático utilitarista não considero esse tipo de capacidade um nivel de inteligencia, considero um tipo de sensibilidade aguçada, mas tambem nunca entendi direito o que é ser inteligente, porque é sempre um conceito que vem de fora e não que nasce intrinsicamente em voce...

Nunca me senti inteligente, mas a questao sobre "o que é inteligencia" sempre me intrigou, espero um dia entender um pouco. Atualmente considero por inteligente aquela pessoa que por gosto, gosta de conhecer, vai atras, lê, tem visao critica, se forma, independente de existir outras pessoas ou nao, independente de ser valorizado por isso ou nao, a pessoa que vai atras do conhecimento por ele proprio acho isso fantastico, me sentirei inteligente quando chegar nesse nivel, acredito até que isso seja uma realizaçao humana fabulosa.