sábado, maio 24, 2003

Pra que pensar ?

Não sei porque fico aqui escrevendo essas anedotas sobre idéias fascinantes que tenho em momentos únicos até eu próprio me defenderia de um ataque desses dizendo que “oh como pode alguém falar algo assim - o pensar impulsiona, colore, mostra vários ângulos de questões diversas, o refletir nos coloca na situação de inclinar-mos sobre nós mesmos..., o pensamento talvez seja a coisa mais divina que há em nós ...” ficaria talvez tocado comigo mesmo ao ouvir um tipo de contra argumentação, mas depois de cinco minutos ligaria minha televisão, iria assistir alguma idiotice, ou então talvez nem ligasse, ficasse sentado na cama ou no sofá tentando ler um livro com uma dificuldade gigante de me concentrar e de controlar a ansiosidade do pensamento, procurando algo no texto que eu entenda, procurando encontrar algo que me interesse e desperte tesao nos livros, nos textos, mas se eu não sei do que eu gosto, e acho que ninguém sabe, porque quando tem certeza que sabe deixa de gostar, o saber mata o gostar ... mas volto a minha leitura, procuro algo que me faça continuar a ler esse tal texto, não consigo parar quieto, vôo de cinco em cinco minutos para o mundo dos outros, a pensar o que me fizeram, o que me falaram hoje, o que eu fiz hoje, como eu me portei hoje, por que fiz tal coisa hoje ? e alias por que falei tal coisa ? e aquela expressão, o que eu quis dizer com aquilo ? será que consegui aparentar o não-idiota que eu quero ser ? tomara que sim, pois minha vida depende disso... vou me mostrar inteligente talvez isso me inspire, porque afinal para os outros acharem que você é realmente algum coisa não precisa muita coisa, basta demonstrar meia dúzia de conhecimentos, palavras difíceis, ou sei lá... Isso é vida ? Não sei sinceramente o que estou fazendo...

Voltando ao inicio do texto onde me perguntava sobre a importância de pensar, dá a impressão que é coisa tola que não é de verdade, é uma brincadeira intelectual, é você exercitar o seu cérebro pra não perder neurônios, mas o seu corpo fica só te olhando e esperando você parar com essas idiotices e voltar a fazer o que “tem que fazer” seja lá o que isso for, arrumar a sua cama, trabalhar, levar o cachorro pra passear, ou então compartilhar suas dores e alegrias com alguém...

O modo mais simples de expressar tudo isso que eu digo é quando converso com meu pai, convido-o para uma reflexão sobre qualquer coisa, alguma coisa, e ele começa a refletir também, concordar também, e isso de uma certa forma me irrita tanto porque são dois idiotas alegres por concordarem com tudo que um fala pro outro achando-se os seres mais sábios e inteligentes do planeta, quando no fundo professam algumas “verdades” que vive-las seria tão difícil que contentam-se em apenas professa-las para afinal mostrar alguma erudição, porque toda conversa contempla uma certa competição entre os debatedores, seja na concórdia seja nas provocações.

Não sei como eu consigo viver assim, um idiota consciente, isso de uma certa forma tem um tom tão pedante, arrogante, que dá vontade de vomitar... como é possível uma pessoa brincando de refletir enganar as pessoas quanto a si mesmo, quando no fundo eu sou um robô mecânico que discubriu um método de ser admirado, e isso me deixa super contente, ser elogiado, ser contemplado, “oh como você é inteligente, meu deus que rapaz esperto, quantos anos você tem mesmo ? 22 anos apenas, meu deus, dêem um doutorado pra ele logo...” E eu consciente da minha desmotivação, preguiça, tédio de estudar, tenho vontade de ir trabalhar num porto, de estivador, arrombar minha coluna e me aposentar como inválido, isso ao menos me parece mais sincero que fingir uma intelectualidade que inexiste... mas terão sempre as pessoas que rogam-se boas que querendo ter compaixão ou algum tipo de sentimento “elevado” tentam convencer-te de que “não, você é realmente inteligente, não desista, os fracos desistem e os fortes fazem sucesso...” sinceramente queria conhecer algum fraco que esteja vivendo contente consigo mesmo, se algum estiver lendo esse texto por favor me escreva e conte sua historia, vou escrever um livro sobre você ! Talvez eu esteja lançando um desafio pra mim mesmo.

Independente de toda essa reflexão o mais interessante que não adianta, você pode lutar contra si próprio, a forma como você aprendeu a sentir, a ver, a raciocinar, estão dentro de uma lógica técnica e mecânica, as coisas precisam fazer sentido, o amor a amizade, tudo precisa ter uma razão de ser se não não é, se é é loucura, é idiotice ... Então de acordo com a forma que você se adequou até agora, o jarro que hoje você é, que leva um certo nome que certos números (RG, CPF ...), de acordo com esse molde, você é isso, isso que a sua história produziu contigo, você é o reflexo daquilo que fez consigo mesmo até agora diria o nosso filósofo estimado Jean Paul Sartre. As escolhas que você fez, te fizeram, e hoje você é produto de tudo isso, pra você ser “diferente”, ou “mudar”, ou tomar outro rumo na vida, vai ter que fazer escolhas profundas e viver de acordo com elas, não apenas decidir ficar auto-refletindo e escrevendo essas reflexões pessoais num blog pros outros lerem, não, muito longe disso, é mais uma atitude de mudar os rumos da vida, procurar sentir como sentiria o eu que você ou eu idolatro. Esse é meu desafio que imponho a mim mesmo, que só eu posso me cobrar, eu estou condenado a tentar assumir essa postura do que eu quero ser, independente dos outros, já fui escravo dos outros até hoje, mas não sei parece alguma doença que eu gosto muito, porque continuo a me sentir escravo, falta o grito de liberdade, e parece-me que ele é mais silencioso que eu imaginava. E eu pensei que poderia fazer como alguns filósofos que meio que desprezando a história, propõe esquemas metafísicos que não contemplam a história da nação, vêem um ideal e querem enfiar por cima das pessoas...

Não sei por que eu fui inventar de ser “metido a filósofo” poderia ter sido um engenheiro bem sucedido, ou mal sucedido, mas seria um engenheiro e a minha maior preocupação talvez fosse como demonstrar uma integral ou uma derivada, ou calcular o momento de alguma viga... isso talvez tirasse o meu sono, mas eu saberia que hora ou outra eu acharia o resultado, e parece que aí sim poderia me convencer do ser que eu sou, porque a certeza que os cálculos te dão dá uma sensação tão gostosa: “eu finalmente cheguei no resultado, eu consegui, eu sou um vencedor... pode ver está atestado aqui por essa nota que eu recebi vejam ...” já no pensamento individual, auto-reflexivo sobre eu mesmo não tem como chegar a uma certeza, a uma verdade, é só busca pelo inesperado, busca por aquilo que não tem coerência lógica, aquilo que não faz sentido pra matemática, aquilo que é o mais profundo e que eu sei lá o que seja isso, sei que sou um engenheiro da filosofia. Quem sabe eu faça um teste vocacionado para que algum técnico me diga o que eu sou, ou que curso ou profissão eu deva fazer, talvez ele use teste matemáticos para decifrar a essência do meu ser e reduzi-la a um curso: “vamos ver o que temos aqui médico, advogado, cientista da computação, engenheiro...” .

Sinceramente não sei nem mais o que escrever, prefiro terminar por aqui... talvez eu ganhe um elogio por isso que estou escrevendo aqui e isso me motive a continuar escrevendo, imagina eu com um computador sozinho, isolado do mundo e de todos, na China por exemplo, sem saber falar chinês, acho que como bom católico, que fui e continuo sendo de uma certa forma (por mais que eu queira negar minha história é muito complicado, mas nem por isso deixo de tentar sentir e pensar diferente) , conseguiria arranjar um meio de agradar as pessoas e ficaria contente comigo por isso, por “sair de mim”, “amar o outro”, “deixar meu “eu” de lado” , vou pedir pra alguém viver pra mim, vou começar a seguir as pessoas pra ver como é viver, já sei um trabalho perfeito pra mim, começar a escrever a biografia de alguém, nossa vou me realizar com isso, poxa as vezes pensar esclarece tanta coisa hahaha, até mais...

domingo, maio 18, 2003

O que é o amor afinal ?

Pude perceber dois tipos de abordagem aqui, a primeira é a da matemática e a segunda é a do significado:

De acordo com o calculo matematico pode-se dizer que alguem ama ou nao, quer dizer basta voce expressar por meio de cartoes, musicas, velas, jantares, declaraçoes, "eu te amo", presentes, sexo, entre outros, que a outra pessoa acaba acreditando que voce realmente ama, mas apesar de tudo isso expresso, até as vezes choros e etc, como saber ? Voce nunca vai saber se alguem te ama ou nao, nunca, voce escolhe uma pessoa pra viver a vida toda sem certeza alguma e é essa a maior virtude do amor, te deixar totalmente sem certeza e nao dar pra fazer um calculo, tem que atirar-se. Ou entao eu ouço muito por ai em programas de auditorio e outras idiotices do senso comum: eu procuro alguem que seja responsavel, inteligente, madura, que lute pelo que deseja, que seja forte ... O que voce quer afinal ? Voce quer alguem que voce nao é pra voce ficar olhando pra essa pessoa e tentar ser igual ? É isso ? Voce ama essa pessoa ou admira essas qualidades ? Vamos calcular entao, se a pessoa tem tais e tais atributos ela me interessa, se nao nao... Vamos colocar uma cerca no nosso amor...

A outra dificuldade é a da significaçao, quer dizer voce diz pra alguem eu te amo, a pessoa nao tem como definir o amor entao puxa o calculo matematico: isso quer dizer que ele vai me dar cartoes, presentes, se importar comigo, me apoiar em momentos de dor e de dificuldade, fazer poesias ... Enquanto isso a outra pessoa imagina que amar alguem é completamente algo diferente, ai se uma ou outra nao corresponde ao modelo esperado, "ai voce me decepcionou, voce disse que me amava" hahaha entao defina o que é amor, se é que voce precisa disso pra amar alguem, é o que eu vejo é que as pessoas nao sabem mais amar, elas sabem calcular, mas amar nao ... e nunca saberao porque nao é técnica, nao é calculo... E as pessoas odeiam isso...

Pra finalizar, aquele exemplo antigo dos namoros passados que atualmente tanto se abomina, ai que cumulo casar com alguem sem conhecer, dizem as pessoas inteligentes, livres e modernas, já provamos nos textos abaixo que é impossivel conhecer alguem, nao se diz o que uma pessoa é pelos atos que ela comete... Se é impossivel conhecer alguem nao tem diferença alguem conhecer ou nao alguem antes de casar, eu vejo como uma coisa muito interessante, passar a vida tentando discubrir um ao outro sabendo que discobrir-se por completo é impossivel, alias nem sei se é possivel o que cada um é na realidade, é mais escolher alguem pra compartilhar talvez sentimentos, momentos, nem sei se isso é possivel tambem considerando que cada pessoa interpreta e sente os fatos de maneiras completamente diferentes, pois é, sobre o amor devemos calar...